Investigação da Polícia Federal (PF), que transcreve uma troca de mensagens entre o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Costa Câmara mostram que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) sabia que o tráfico das joias dadas de presente ao governo brasileiro para venda nos EUA era ilegal. E, mais do que isso, zombou da situação.
Informações da PF reveladas por Daniela Lima, da GloboNews, mostram que Câmara alertou Cid após conversar com Marcelo da Silva Vieira, chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.
“Ele ressalta a necessidade de aviso prévio”, diz Câmara, sobre o alerta de que Bolsonaro deveria avisar antecipadamente à União – que tem prioridade na compra – sobre a venda dos objetos.
Cid responde com zombaria: “Só dá pena porque nós estamos falando de 120 mil dólares. Hahahahaha”, diz ele na transcrição da conversa feita pela PF.
Inventário final
Reportagem exclusiva da Fórum mostra que o inventário, onde consta ao menos um relógio Rolex que teria sido negociado pela organização criminosa, foi enviado por Silva Vieira à Câmara 9 dias antes da fuga de Bolsonaro para os EUA, levando as joias em uma mala de mão, carregada pelo irmão de Michelle Bolsonaro, Diego Torres Dourado.
O e-mail sigiloso, ao qual a Fórum teve acesso, é parte do pacote enviado à CPMI dos Atos Golpistas e foi enviado a Câmara no dia 21 de dezembro de 2022.
Na mensagem consta anexo um inventário de “Encerramento e Entrega do Acervo Privado Presidencial”, que lista o relógio e outros “presentes” contidos no kit 9 dias antes do coronel embarcar com o ex-presidente rumo a Orlando, na Flórida.
“Senhor Assessor, cumprimentando-o cordialmente, passo a tratar sobre o Inventário de Encerramento e Entrega do Acervo Privado Presidencial – Jair Bolsonaro, para a devida formalização do recebimento, pelo seu representante legal no que se refere aos acervos privados presidenciais. Assim, o documento intitulado ‘Inventário de Encerramento e Entrega do Acervo Privado Presidencial – 01/01/2019 a 31/12/2022 – Acervo Museológico’ (3822354) deverá ser assinado por esse representante como ‘Assinatura do Inventariante’ para constar neste processo. Informo, ainda, que também deverá ser dada ciência no documento (3822357) intitulado ‘Listagem – Acervo encaminhado’”, diz o ofício nº 586/2022, assinado por Marcelo da Silva Vieira, chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.
Créditos: blog do abrantes, Polêmica Paraíba e Metrópoles (imagem destacada)